CONSIDERAÇÕES

Em análise ao texto Vender (abaixo), achei prudente fazê-lo junto ao grande educador Paulo Freire, talvez por ter encontrado em Freire um humanismo que de certa forma “mexe” comigo. O estudo e a importância que dá ao sujeito em questão – ser humano – é algo inusitado e nobre.
A explicação / crítica que faz sobre o “saber”, a meu ver está muito ligado à forma como desenvolvo o meu trabalho, é o que chama de “memorização mecânica de conteúdos” – “...O senhor adquirindo o produto vai agregar ao seu custo-benefício uma vantagem muito grande, o valor é alto, mas, vale a pena...” – é um discurso repetitivo e decorativo, nada de novo, a não ser quando desenvolvido um equipamento com um componente a mais ou a menos, melhorando assim seu processo tecnológico – um trabalho extremamente mecânico e técnico.
Paulo Freire fala da história como sendo peça fundamental e que estão interligadas nas nossas escolhas e situações atuais, como seres mutáveis e disponíveis ao movimento, a interiorização e transformação dos saberes. Nada que ocorra aos seres humanos esteja fora do ritmo histórico. Diz: “ ...seria impensável um mundo onde a experiência humana se desse fora da continuidade, quer dizer, fora da história.” Diz ainda: “...a história que se processa no mundo é aquela feita pelos seres humanos.” Entendo essa denominação da história que Paulo Freire aborda em duas vertentes: primeira – o contexto histórico genérico, ou seja, somos partes integrantes de um conglomerado de experiências, onde um grupo considerável está sendo favorecido em demasia e enquanto que outros não; segundo: processo histórico de cada ser, somos seres individualizados e cada um tem sua “cadeia” evolutiva de situações e fatos e que são memorizadas, e que serão refletidas posteriormente num futuro próximo ou não. A história é uma situação cíclica. Fazendo parte desse contexto entendo que sofro influências por conta da contextualização histórica do país, por conta de um sistema desenfreado, onde a desigualdade é preponderante, e que Paulo Freire cita no livro Pedagogia da Autonomia “...os ricos cada vez mais ricos às custas dos pobres cada vez mais pobres”, e também o meu próprio processo histórico, algo escondido no meu inconsciente ainda não desvendado em sua totalidade que impede “brotar” com exatidão toda a potencialidade latente e inerente, e quando isso ocorrer, não significa que estarei eliminando esse processo anterior, afinal ele faz parte da história. Segundo Freire a história, como nós, é um vir-a-ser.
Sinto que estou vivenciando o que Freire cita quanto à passagem do suporte ao mundo, não no sentido de estar aperfeiçoando as técnicas propriamente ditas, mas ao aprimoramento de um conteúdo inovador e que quando aplicadas estarei reinventando e criando um novo aperfeiçoamento do saber cognitivo.
Faço parte do universo e o universo me pertence, sou ser humana cheia de sonhos, metas, desejos, necessidades e levando em conta a insatisfação quanto ao meu trabalho atual, Freire sita no texto: “...sou um ser no mundo, e com os outros; um ser que faz coisas, sabe e ignora, fala, teme e se aventura, sonha e ama, tem raiva e se encanta. Um ser que recusa a aceitar a condição de um mero objeto...”. Bastante eloqüente esse trecho citado, podendo fazer várias referências ao estado atual em que me encontro. Há uma conotação a liberdade. Sou dotada de questões subjetivas podendo exercer a capacidade de intervir, de decidir, de criar e não me é dado situações propícias para desenvolver tal comportamento. A busca ao crescimento e desenvolvimento é intensa, as inseguranças e desafios que parecem fragilizar e que encontrados ao longo desse percurso são motivos a mais para a caminhada, nesse mesmo mundo podemos – segundo Freire – encontrar a segurança perdida.

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